terça-feira, 29 de julho de 2014

A nossa missão animadora

Sabe? Ao longo da vida, conseguimos aprender com a ajuda de alguém: aprendemos a andar, a ler, a jogar, depois continuamos a fazer muitas coisas por conta própria. À medida que o meio envolvente se altera fazemos coisas diferentes, graças aos que estiveram à nossa volta. Por vezes, caminhamos sozinhos, sem os pais, os professores, os amigos. No entanto, seguimos em frente. 
Convido-te a pensar: O que é que faço quando estou perante uma realidade muito diferente daquela que conheci? Encontro no meu dia a dia pessoas muito diferentes de mim, o ambiente à minha volta apresenta-me valores e anti-valores. Muitas vezes, pergunto: “o que fazer?” É aqui que poderíamos pedir ajuda; mas como pedir ajuda? Para além disso surgem-me outras perguntas: O que quero da vida? Como vou conseguir alcançar isso? O que preciso fazer? Um acompanhante poderia ajudar? O que é um acompanhante? Em Latim é "cum panis", aquele que partilha o pão. É quem partilha a sua vida contigo, para que conheça quem é, o que quer e quais as opções que pode seguir; que está perto de ti, escuta, dialoga, apoia, ajuda a discernir, favorece a comunicação interpessoal, ganha a confiança, respeita o contexto sócio-cultual, histórico e espiritual em que vive. 
Porquê um acompanhante para os jovens? Porque ajuda o jovem a ser protagonista numa sociedade onde os jovens precisam de líderes com fé, com atitudes de compromisso social e evangélico que conduzam a um novo modelo de sociedade. É alguém que partilha ferramentas e estratégias com o objetivo de que os jovens saibam como caminhar na vida: para que eles sonhem com um mundo diferente, que os anime para a vida, lhe apresente desafios, lhe dê esperança, que os ajude a projetar sonhos e desejos, promove a avaliação, desperta desafios, não lhe corta a criatividade, é o companheiro do caminho inserido na cultura juvenil. 
Segundo a passagem de Emaús (Lc. 24,13-35) dois peregrinos caminhavam tristes porque o projeto em que acreditavam, não se realizou como esperavam, Jesus morreu, foram-se desiludidos e desesperados pelo que viveram, foram sem rumo. No caminho encontram uma pessoa que os ouve, interessa-se pelo seu desânimo, escuta os seus sentimentos, a sua experiência, a sua tristeza, conversa com eles, acompanha-os até ao momento em que os peregrinos mudam de atitude e decidem regressar depressa a Jerusalém, para 
transmitirem a mensagem: a vida, a esperança, a alegria do projeto de Jesus, de um projeto que tem sentido. 
Quem pode ser um acompanhante para os jovens? Um padre, um/a Misionári@, um/a religios@ ou um/a leig@, que deseje realizar este serviço e possua qualidades – “se um cego conduz outro, tombarão ambos na mesma vala." (Mt. 15,14). É a pessoa que tem um sentido de pertença à Igreja, que motiva os jovens a viverem a experiência de Deus com outros, a ver a Deus nos pobres e os pobres em Deus, é um testemunho na tua vida. Em última análise, o acompanhante sabe que é o jovem quem deve tomar as decisões necessárias para caminhar na vida. Não é o acompanhante quem dá o caminho, mas sim quem caminha ao seu lado, ajudando-o a ser o autor e protagonista da sua própria história.

por Padre Irving G. Amaro, assessor internacional da Juventude Mariana Vicentina, para o boletim de fevereiro.

Roteiro de celebração para o Dia Internacional da JMV

1. INTRODUÇÃO
Queridos amigos, há noites que mudam vidas para sempre. Por esta razão, no dia 18 de julho, às 23h30, todos os grupos da Juventude Mariana Vicentina são convidados a procurar uma capela e, em sinal de unidade, aproximar-se do altar e recordar a primeira aparição de Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré que se deu na noite de 18 para 19 de julho de 1830 na Capela da Medalha Milagrosa em Paris, na França.
Esta aparição deu origem a uma associação muito necessária à Igreja de Roma: a Juventude Mariana Vicentina. Hoje são cerca de 200 mil membros, espalhados em mais de 70 países, que comprometem-se a viver e trabalhar em comunhão com a Igreja e seus pastores.
No seguimento a Jesus Cristo, os membros da JMV descobrem Maria no evangelho como modelo para todos os fiéis, a inspiração que lhes ajuda, com a força do Espírito Santo, a caminhar ao longo de suas vidas na caridade efetiva que gera a justiça. Sua inspiração está na vida de São Vicente de Paulo aquele que fez da evangelização e do serviço aos pobres a revolução necessária para Igreja na Europa e no mundo.
Estar unido à Juventude Mariana Vicentina de todo o mundo numa grande corrente de oração pela associação, pelos pobres, pela Igreja e seus pastores e pela comunhão dos santos, nos motiva a celebrar esta noite. 
Deixamos aqui uma instrução: tire uma fotografia deste momento e compartilhe em seu twitter, facebook, instagram, etc, com a hashtag #pray4vmy e una a JMV de sua cidade aos centros do mundo inteiro.

2. AMBIENTAÇÃO 
Enquanto se canta, alguns membros escolhidos previamente levam ao altar as imagens de São Vicente de Paulo, Santa Catarina Labouré e Nossa Senhora, a Medalha Milagrosa, a blusa do grupo, o terço, a Bíblia Sagrada, etc... 

3. CANTO (CENÁRIO LINDO - CD JMV RIO)
1. Catarina vai à capela, e Nossa Senhora lhe revela, / sua grande preocupação com a juventude distante, / perdida neste mundo de ilusão e pede à Catarina: / “Que seja fundada uma Associação que reúna os jovens / na paz da santa oração”. 
R: Juventude Marial, é paz amor e energia. / Guiados pela luz celestial, felizes partilhamos / do projeto de Maria nossa Mãe, / de Maria, nossa Mãe, / de Maria. 
2. Cenário lindo, emoção, muito amor, / inundado pela luz celestial. / Foi assim que a semente foi lançada e germinada a Juventude Marial, / que abre os corações para os carentes de amor sem distinção de raça ou cor, / sendo humildes como Maria, / levando todos a graça, / a paz e alegria. 3. Somos luzes, profetas, anunciando um novo dia, / esperança dos que sofrem, somos jovens, / instrumentos de paz, escolhidos por Maria. 

4. SINAL DA CRUZ (CANTADO) 

5. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO 
1. Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça / E tudo o mais vos será acrescentado / Aleluia, Aleluia 
R: Aleluia, Aleluia / Aleluia, Aleluia 
2. Nem só de pão o Homem viverá, mas de toda palavra / Que procede da boca de Deus / Aleluia, Aleluia 
3. Se vos perseguem por causa de mim, não esqueçais o porque / Não é o servo maior que o senhor / Aleluia, Aleluia 

6. LEITURA BÍBLICA 
João 2, 1-11 
"Fazei tudo o que ele vos disser" 
Perguntas: O que me diz o senhor no texto? O que respondo ao senhor que me fala no texto? 

7. PARA REFLEXÃO
Palavras do Papa Francisco aos jovens na JMJ Rio 2013 
Ide. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da História. De forma especial, queria que este mandato de Cristo – “Ide” – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho!” (1Co 9,16). 
Sem medo. Alguém poderia pensar: “Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho?” Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: “Não tenhas medo, pois estou contigo para defender-te” (Jr 1,8). Deus está conosco!
 ”Não tenham medo!”. Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. 
Para servir. São Paulo dizia: “Eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1 Cor9, 19). Para anunciar Jesus, Paulo fez-se “escravo de todos”. Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir,inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus.  
Ide, sem medo, para servir. Seguindo essas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado; quem transmite a alegria da fé, recebe alegria. Queridos jovens, regressando às suas casas,não tenham medo de serem generosos com Cristo, de testemunhar o Evangelho. 

8. CANTO (ALMA MISSIONÁRIA - ZIZA FERNANDES)
1. Senhor, toma minha vida nova / Antes que a espera desgaste anos mim / Estou disposto ao que queiras / Não importa o que seja, Tu chamas-me a servir 
R: Leva-me aonde os homens necessitem Tua palavra / Necessitem de força de viver / Onde falte a esperança / Onde tudo seja triste simplesmente por não saber ti 
2. Te dou meu coração sincero / Para gritar sem medo, formoso é teu amor / Senhor, tenho alma missionária / Conduza-me à terra que tenha sede de Ti 
3. E, assim eu partirei cantando / Por terras anunciando tua beleza / Senhor, terei meus braços sem cansaço / Tua história em meus lábios e a força na oração 

9. COMUNHÃO DE ALMAS 
Neste momento, os membros da JMV são convidados a partilhar sobre suas vidas de entrega ao serviço na associação, a espiritualidade que os inspira e o carisma que os move. Momento de livre partilha, testemunho.
10. VÍDEO 
Seria interessante, caso possível, produzir um vídeo de alguns momentos significativos na vida do grupo e apresenta-lo. 

11. ORAÇÃO INTERNACIONAL DA JMV 
Senhor, ensinai-nos a ser como Maria Vossa Mãe e ajudai-nos a vermos nela o verdadeiro exemplo de disponibilidade ao próximo, para assim podermos verdadeiramente amá-los. Que saibamos com dignidade ser, amar e construir a fim de melhor seguirmos os ensinamentos do Pai e sermos o seu exemplo fiel. Derrama sobre nós, membros da Juventude Mariana Vicentina, o vosso Espírito Santo nos tornando humildes e firmes na fé. Dai-nos coragem e sabedoria, pois assim conseguiremos modificar o mundo em que vivemos, transformando-o num reino de amor e paz. Concedei-nos também, que no viver, contemplar e servir, organizemos um exército forte, capaz de romper as barreiras da injustiça, do egoísmo e do pecado que nos afasta de vós e nos torna menos irmãos. Enfim, dai-nos a prudência e a compreensão de São Vicente de Paulo assegurando-nos numa vida agradável e feliz, onde caminharemos firmemente sem tropeço. Amém. 

12. ABRAÇO DE PAZ 
Cantar algum cântico especial para este momento. 

13. ORAÇÃO DO PAI NOSSO SEGUIDA DA ORAÇÃO DO AVE-MARIA

14. CANTO FINAL (MÃE DA FÉ – ANJOS DE RESGATE) 
1. Não há no mundo ninguém / Que não precise de uma mãe / Até o filho de Deus teve os carinhos de uma mãe / Mãe que quando fala nos traz tanta paz / Com sua voz / Mãe que só sabe amar / Senhora que trouxe o céu a nós / Nossa mãe 
R: Nossa senhora do céu / Nossa rainha e mãe da fé / Nossa senhora do céu / Ensina-nos a estar de pé 
2. Na plenitude dos tempos / Deus quis nascer dessa mulher (Gl 4:4) / E toda graça do céu passa por nossa mãe da fé / Mãe que quando fala nos traz tanta paz / Com sua voz / Mãe que só sabe amar / Senhora que trouxe o céu a nós / Nossa mãe 
3. Mãe de Deus, mãe do céu, mãe da fé e nossa mãe. (4x)

Padre Gregory convida a celebrar a Nova Evangelização

Roma, 18 de julho de 2014

Queridos membros da Família Vicentina,

Em vista da festa de São Vicente de Paulo, em nome da Família Vicentina e dos responsáveis de nossos diferentes ramos, escrevo-lhes para informar que decidimos dedicar o próximo ano à «nova evangelização». Nós o faremos como Família Vicentina, centrando nossa atenção sobre três pontos chaves de fidelidade no seguimento de Jesus Cristo, evangelizador e servidor dos pobres:
• A necessidade de uma conversão pessoal e comunitária,
• A  necessidade  de  ir  além  de  nós  mesmos  escutando  o  grito  dos  pobres, sobretudo, daqueles que vivem na periferia de nossas cidades e à margem da sociedade atual,
• A  necessidade  de  evangelizar  e  de  oferecer  novas  formas  de  praticar  a pastoral da família.
De 5 a 19 de outubro de 2014, o Papa Francisco realizará um Sínodo de Bispos para estudar «Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização». É um tema importante proposto pelo nosso Santo Padre para o bem da Igreja, segundo mostrará este Sínodo.
No início de seu pontificado, o Papa São João Pulo II lançou o apelo a uma «nova evangelização» para incentivar um novo fervor e meios inovadores para encontrar Jesus, aprofundar nossa relação com Cristo e crescer na vida de fé. Este apelo de João Paulo II, veio em um momento de mal-estar geral entre os cristãos, especialmente nos países do mundo desenvolvido. João Paulo II acreditava que os cristãos estavam se tornando menos fervorosos em sua prática de fé, de modo que ele chamou à conversão e a uma nova evangelização. Estas dinâmicas em favor de uma revitalização foram retomadas e incentivadas por seus dois sucessores, o Papa emérito Bento XVI e o Papa Francisco.
Redescobrir e encontrar novamente Jesus com amor em nossos corações, aprofundando nosso relacionamento com Ele para crescer em nosso ser de discípulos é um aspecto essencial desta nova iniciativa. Trata-se de um aprofundamento pessoal da nossa fé no Deus de Jesus Cristo, um fruto do Espírito Santo. Este amor nos guia no caminho da devoção a Deus e da dedicação aos outros, especialmente os pobres. Como cristãos verdadeiramente comprometidos e como discípulos de Jesus, compartilhamos a Boa Nova do amor de Deus que se encontra nas Sagradas Escrituras e nos Sacramentos. A tarefa de todo fiel católico batizado é de tornar Jesus conhecido a todos. 
Para fazer isso, a Igreja nos convida à conversão, a uma nova maneira de encontrar Deus e de crer Nele, de compartilhar a Boa Nova com os outros. Para viver esta experiência de conversão e seguir um novo caminho para encontrar Deus, devemos deixar nosso próprio conforto e escutar o Senhor quando Ele nos fala nas profundezas de nosso coração. Na condição de membros da Família Vicentina, como podemos responder a este apelo à conversão e à nova evangelização? O carisma que São Vicente de Paulo compartilhou com Santa Luísa de Marillac e que continuou com o Bem-aventurado Frederico Ozanam e com muitos outros na tradição vicentina, consistia no cuidado dos pobres e desprovidos. Mas este incluía também o «cuidado das almas», como sendo uma parte essencial da missão.
Na vocação vicentina, missão e caridade são inseparáveis. As obras de misericórdia corporais e espirituais e o serviço andam sempre de mãos dadas. Estas instruções dirigidas às Filhas da Caridade no seu serviço dos pobres nos falam: a «principal preocupação fazê- los conhecer Deus, anunciar-lhes o Evangelho e tornar presente o Reino» (Constituições das Filhas da Caridade, 10a). O Bem-aventurado Frederico Ozanam enfatizava que a ajuda material não era o único aspecto do serviço dos pobres da Sociedade. Ao contrário lembrava aos confrades que sua espiritualidade e seu testemunho cristão, cheio da ternura do amor de Deus, ajudavam muitos cristãos a voltar à fé como também a evangelização de muitos não cristãos.  É  uma  virtude  essencial  de  nossa  espiritualidade  vicentina:  desenvolver  e aprofundar a nossa relação com Jesus e ajudar outros a encontrar o Cristo. É a fé em atos.
São muitos os desafios que nos esperam na vida cotidiana. Mas é agora o momento favorável para anunciar a Boa Nova da salvação em Jesus Cristo. Embora vivamos em um ambiente muitas vezes indiferente à religião, as pessoas ainda têm real sede de valores mais elevados. Há uma fome de Deus no meio do povo de Deus, especialmente quando se aspira a um novo modo de viver que difere das normas vigentes da sociedade. Somos tentados a adotar a maneira como as pessoas vivem este ambiente de indiferença religiosa e nos acostumar a aceitar a pouca importância que as pessoas atribuem às questões essenciais da fé e do sentido da vida neste mundo.
Porém, estamos conscientes da realidade do que acontece quando as pessoas se esquecem de Deus? Isso indica muitas vezes uma verdadeira pobreza espiritual e material. São Vicente foi profundamente afetado pela situação na qual se encontravam as pessoas de seu tempo: aqueles que viviam na miséria e na ignorância e que não sabiam nada sobre Deus nem sobre Seu amor. É por esta razão que Vicente disse com vigor e convicção: «Uma coisa é certa, fui enviado não somente para amar a Deus, mas fazê-lo amado. Não me basta amar a Deus, se meu próximo não o ama». (SV, conferência de 30 de maio de 1659, Coste XII, pag.262).
Se não tivéssemos sequer um pouco deste amor, desviaríamos nossos olhos e cruzaríamos os braços? Nunca! A caridade não pode ser ociosa. A caridade nos impele a fazer o nosso melhor para levar o conforto e a salvação àqueles que sofrem. Nossa vocação de vicentinos consiste em inflamar o coração dos outros: fazer o que o próprio Filho de Deus fez. Ele veio trazer fogo ao mundo, inflamá-lo com seu amor. O que devemos esperar para nós mesmos, senão nos inflamar de amor por Cristo e ser consumidos por esse amor? 
Como membros da Família Vicentina, somos chamados a ser agentes da evangelização oferecendo um serviço pleno de amor. A caridade é o principal valor da vida, e, o desafio à comunidade cristã é de torná-la ativa no mundo de hoje. Nunca devemos separar nem contrapor a relação intrínseca entre fé e caridade. Somos discípulos de Jesus quando propagamos o amor de Deus e quando nós nos comprometemos a participar plenamente na vida e na missão da Igreja. Fomos conquistados pelo amor de Cristo! Por conseguinte, sob o poder desse amor, estamos totalmente abertos a amar concretamente o nosso próximo. Aqui podemos nos lembrar da divisa das Filhas da Caridade, cujas palavras são tiradas da Escritura: «O amor de Cristo crucificado nos impele» (cf. 2 Cor 5, 14).
A fé nos permite reconhecer os dons que nosso Deus, em sua bondade e generosidade nos confiou. A caridade os torna fecundos. Pela fé, entramos em amizade com o Senhor. Pela virtude da caridade, esta amizade é cultivada e colocada em obras. A relação entre fé e caridade é exaltada neste vínculo íntimo entre elas. Eis o que significa tornar efetivo o Evangelho na vida das pessoas. A encíclica Lumen Fidei fala sobre as repercussões da fé no mundo nos dizendo que: « a luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz » (LF, 2013, 51). A exortação apostólica Evangelii Gaudium fala do serviço da caridade como um elemento constitutivo da missão da Igreja, que reflete a essência do que somos como Igreja.
Como a Igreja é missionária por natureza, ela está indelevelmente ligada à virtude da caridade, particularmente prodigalizando uma caridade efetiva ao nosso próximo. Quando aceitamos o desafio da missão impregnada da caridade de Cristo, podemos nos identificar às pessoas que vivem na pobreza e serví-las. Nossos corações vicentinos aceitam com alegria o apelo da Evangelii Gaudium, a sermos instrumentos de Deus na libertação e promoção dos pobres, permitindo-lhes alcançar sua promoção integral na sociedade (EG, 2013, 182). Devemos ser dóceis e atentos à escuta do clamor dos pobres e prontos a correr em seu socorro. Fazemos isso, deixando nosso próprio conforto e indo à periferia e às margens encontrar as pessoas que vivem na pobreza.
Saiamos de nós mesmos para ir ao encontro dos pobres, apressadamente, inflamados do amor de Deus. No quarto capítulo de Evangelii Gaudium, encontramos numerosas ideias que estão de acordo com o nosso carisma. As palavras deste capítulo parecem descrever a vida e as ações de São Vicente e de Santa Luísa, de todos os outros santos e bem- aventurados.  Eis  aí  um  exemplo  do  que  nos  diz  o  capítulo  quatro:  os  pobres  são  os preferidos de Deus; os pobres ocupam um lugar privilegiado na Igreja; e os pobres são nossos evangelizadores. Se essas ideias que provêm de Evangelii Gaudium nos parecem familiares, não há nisso nada de extraordinário!
A nova evangelização é uma iniciativa para nos ajudar a reconhecer a força salvífica que as pessoas que vivem na pobreza têm no Cristo e a colocá-los no centro da Igreja. Descobrimos o Cristo nos pobres; defendemos suas causas; somos os seus servos; ouvimo-los; e eles nos chamam a refletir sobre a sabedoria misteriosa de Deus, que muitas vezes se revela a nós através de sua própria vida.
No contexto dos sofrimentos e das lutas que as famílias suportam hoje, a nova evangelização pode responder a uma necessidade urgente, como o mostra o documento 
preparatório sobre a pastoral familiar publicado em vista da terceira assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos. A doutrina da Igreja sobre o casamento deve ser apresentada  de  forma  eficaz  e  compreensível  para  chegar  ao  coração  de  muitos  e transformar sua vida conforme a vontade de Deus manifestada em Jesus Cristo. Outros documentos da Igreja evocam as necessidades pastorais da família como uma dimensão essencial da evangelização. É um chamado a renovar nossa compreensão do sacramento do matrimônio e da vocação cristã dos casais e a fortalecer as famílias para o bem da Igreja e da sociedade. Como membros da Família Vicentina, deveríamos nos perguntar o que poderíamos fazer para evangelizar as famílias que servimos e aquelas com as quais estamos em contato.
Falo  aqui  das  famílias  que  encontramos  em  nossas  paróquias,  escolas,  serviços sociais, e em muitos outros serviços onde colaboramos, como Família Vicentina, para servir as pessoas que vivem na pobreza. A família constitui sem nenhuma dúvida um campo imenso para a missão. Numerosas famílias que atendemos hoje precisam de proteção e sofrem muitas turbulências. São frequentemente ameaçadas, às vezes até de morte. Como Família Vicentina, podemos e devemos progredir para estabelecer «Linhas de ação» que deem impulso ao trabalho pastoral com as famílias, especialmente com aquelas que vivem na pobreza.
Com toda a Família Vicentina, rezemos para que a Igreja busque verdadeiramente adotar práticas pastorais que ajudem as famílias a enfrentar suas atuais realidades à luz da fé e com a força que vem do evangelho. Ao celebrarmos a festa de São Vicente de Paulo, devemos dedicar-nos este ano à nova evangelização. Procuremos respostas criativas para enfrentar os desafios apresentados pela nova evangelização, bem como uma conversão pessoal e comunitária para atender às necessidades pastorais da família, sobretudo das pessoas que vivem na periferia de nossa sociedade.
Vosso irmão em São Vicente,

Gregory Gay, CM
Superior Geral da Congregação da Missão

terça-feira, 22 de julho de 2014

Caminha conosco para crescer na fé


"Caminha conosco para crescer na fé" é o grito que os jovens lançam aos nossos assessores neste ano de 2014. Um grito que pretende ser uma expressão da nossa gratidão por todas as Assessoras e Assessores que marcam e partilham as nossas vidas, nos bons e nos maus momentos. Eles alimentam o nosso desejo de conhecer mais a Cristo, de viver nos braços de Maria e de sermos autênticos agentes de mudança e servidores dos pobres.
O nosso tema anual é dinâmico. Trata-se de “caminhar”, porque o percurso da Fé implica sempre dirigir-se para, ver mais além, atrever-se a encontrar-se com Jesus que saiu primeiro ao nosso encontro. Trata-se de crescer na Fé, num duplo dinamismo de aprofundamento da Fé e de compromisso diante dos desafios do mundo atual. Viveremos o nosso tema se remarmos mar adentro, para conhecer melhor o nosso mundo interior e viver uma relação mais profunda com Deus, e assim aproximamo-nos do outro, para servir onde quer que algum ser humano precise de nós. O ano 2014 oferece-nos a oportunidade de viver a nossa Fé como um dom e uma responsabilidade, assumindo com alegria e confiança o que significa ser cristão e vicentino, membro de uma Igreja peregrina ao serviço do Reino. 
Nunca é demais insistir na ideia de que caminhamos sempre acompanhados. Jesus chamou os discípulos para que estivessem com Ele e foi guiando-os até entenderem e realizarem o projeto de Deus. A vida de fé nunca é um caminho solitário, mas sim uma vida de relação com Deus e com os nossos irmãos. A celebração do Encontro Internacional de Assessores (Paris, julho de 2014) será um momento para compreender melhor como acompanhar os jovens no seu processo de fé na JMV. Não participarão todos. No entanto, cada um terá como desafio recordar como acompanhamos e como nos deixamos acompanhar, dentro da JMV e na nossa vida. Entretanto continuaremos a caminhar para a nossa IV Assembleia Geral (julho de 2015) onde aprofundaremos o desafio da evangelização. 
Espero que continues a caminhar bem na fé, com a convicção profunda de que Deus se torna presente em todas as pessoas e acontecimentos, realizando o seu projeto de amor nas nossas vidas e na associação. Feliz 2014! 

Yasmine Cajuste 
Presidente International 
da Juventude Mariana Vicentina